quinta-feira, 23 de abril de 2009

Palácio dos Condes da Lousã


2004

Damaia


Neste "palácio", na realidade casa de quinta, construído no século XVIII e com reconstruções do século XIX, viveu algum tempo o famoso inventor português, Padre Himalaia.


Manuel António Gomes, nascido em 1868, em Santiago de Cendufe no concelho de Arcos de Valdevez era um rapaz humilde, filho de agricultores portugueses que como era típico na altura enveredou pelo sarcedócio, estudando no Seminário de Braga. Concluiu o curso de Teologia em 1890, mas os seus interesses não se ficaram apenas pela Filosofia das religiões, tendo durante vários anos leccionado as disciplinas de Ciências Naturais, Física e Química em Vila Nova de Gaia inicialmente como professor particular da família Van Zeller e posteriormente em vários colégios do centro e norte do nosso país. Consta-se que estas disciplinas eram de facto aquelas que o atraíam e a sua grande paixão. Resta terminar este primeiro parágrafo com uma referência à estatura desta personagem: alta, tão alta como os Himalaias, daí o seu nome histórico e para os amigos: Padre Himalaia!
Actividades científicas
O Padre Himalaia sentiu necessidade, como cientista de aprofundar os seus conhecimentos, decidindo ir para Paris. Deve-se dizer a título de introdução que já nessa altura lhe passavam pela mente muitas teorias e possibilidades de aplicações científicas relacionadas com a energia solar, que necessitava de amadurecimento. A sua estadia em Paris, onde estudou as lições do físico Berthelot e de outros conferiu-lhe tempo também para a preparação e construção de um sistema para obter temperaturas elevadas através da aplicação da energia solar. Essa sua ideia deu-lhe uma patente concedida pelo Governo Francês, em 1889, a que se seguiu um segundo protótipo, sendo o teste deste feito no topo dos Pirenéus orientais, atingindo a temperatura de 1100 ºC! Temperatura que actualmente surpreende muita gente e que na altura deve ter maravilhado quem assistiu à experiência.Como se não chegasse, em 1902 e já em Lisboa atingiu os 2000 ºC e fundiu um enorme bloco de basalto. Este senhor nortenho não se deixou ficar pelo que já era soberbo e atirou-se ao maravilhoso: ir à Feira Internacional de St. Louis de 1904 e atingir 3500 ºC, sendo assim capaz de fundir qualquer metal ou rocha!


O Pireilióforo
O sistema utilizado que deve intrigar qualquer um chamou-lhe o Padre Himalaia de pirelióforo (“eu trago o fogo do Sol”) e era constituído por um enorme espelho parabólico, com uma superfície de 80 m2, mas formado por 6177 pequenos espelhos de modo a formar a dita parábola e assim concentrar a energia solar incidente numa superfície – cápsula refractária - e aí atingir a temperatura proposta. Toda esta estrutura estava assente numa armação de aço de 13 m de altura. Tudo isto tinha ainda de rodar de modo a seguir o Sol e para isso o Padre Himalaia concebeu um sistema de relojoaria de modo a poder rodar o enorme espelho.
Deve-se dizer que para a construção de tal estrutura muito contribuíram particulares, estrangeiros, mas o governo português apenas lhe deu “apoio moral”, tão típico dos nossos governantes.
Esta novidade científica constituiu a grande atracção da Exposição Internacional de St. Louis e ao mesmo tempo o invento mais importante. Não foi assim de forma inesperada que a medalha do “Grand Prix” lhe foi atribuída pelo seu invento, mas também outras 2 medalhas de ouro e 1 de prata. O que se seguiu mostrou o carácter e a dignidade do homem que aqui queremos homenagear: o Padre Himalaia foi convidado pelo presidente Norte Americano a naturalizar-se norte americano, porque o seu invento assumia tal importância a nível industrial e militar que os EUA não queriam perder a oportunidade de assumir o controlo de tal tecnologia. O Padre Himalaia rejeitou este convite, porque era português de coração (apesar de o nosso governo apenas lhe ter criado entraves ao desenvolvimento das suas investigações) e além disso não pretendia que as suas invenções fossem usadas com fins bélicos, mas sim para o desenvolvimento da indústria e acima de tudo ser útil ao seu país.
Homem insaciável
Este excepcional personagem português não se ficou pelo pirelióforo e ainda inventou um poderoso explosivo, três vezes mais potente que a dinamite, com base em clorato de potássio, que patenteou e chegou mesmo a ser produzido numa fábrica para esse mesmo efeito e ao qual deu o nome de himalaíte. E outros inventos se seguiram, bem como trabalhos sobre Cosmologia (contando mesmo com a edição de um livro sobre este tema, escrito aquando da sua estadia na Argentina a partir de 1927) e explicações de fenómenos da natureza.
Energias Renováveis
Este português ilustre, mas desconhecido, que sofreu na pele todas as injustiças por parte de quem não percebe, nem quer perceber qual a mais valia de tais actividades para o país, entendeu no início do século passado o que estava intrinsecamente ligado ao nosso excelente clima: o Sol e a fonte de energia inesgotável que ele transmite para a Terra. O uso dos recursos naturais de uma forma inteligente e equilibrada para se atingir melhorias nas condições de vida das populações está subjacente a conceitos como “desenvolvimento sustentável” e o uso das energias alternativas para se produzir energia já estava certamente na mente do Padre Himalaia. A sua invenção é mais do que um exemplo, é uma confirmação do que pode ser atingido com a “mera” energia solar, recurso endógeno em todo o mundo, e que espanta certamente muita gente nos dias de hoje. Hoje estamos a braços com uma crise energética e a necessidade de mudança em termos de fontes de energia, mas temos de assistir impávidos e serenos à ausência de uma política a nível nacional para desenvolver o uso das energias renováveis, diminuindo o fardo dos combustíveis fósseis na economia nacional e ao mesmo tempo potenciando o uso dos recursos endógenos, criando mais valia tecnológica e postos de trabalho, fixando populações, atingindo assim um desenvolvimento descentralizado e sustentável.


in http://www.energiasrenovaveis.com/html/canais/destaques/destaques1204.asp

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