segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vamos aos Figos


Bairro de Janeiro, 3 de Junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

Abrir a noite


Bairro de Janeiro, Av. D. Nuno Álvares Pereira

sábado, 9 de maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

sábado, 25 de abril de 2009

Ponte Filipina


1999

Coisas, Homens e Estórias da Venteira


A Ponte Filipina


1631, reina em Portugal, Filipe III, IV de Espanha. Nesse ano, enquanto os holandeses incendiavam Olinda, no Brasil, os árabes massacravam portugueses em Mombaça, havia perturbações populares em Beja e o rei introduzia novos impostos, o Senado de Lisboa mandava construir uma ponte, na Estrada Real de Sintra, por cima da Ribeira de Carenque, junto a uma propriedade dos Corte-Real. Como uma lápide informa, foi a ponte construída com o Real do Povo (imposto que inicialmente incidia sobre a água e que mais tarde se vai estender à carne, ao vinho, etc.)
Trata-se de uma ponte com tabuleiro em cavalete pouco acentuado (com o meio sobrelevado relativamente às margens), que se lança sobre a Ribeira sobre dois arcos de volta perfeita, de dimensões desiguais, separados por um talha-mar.
É a nossa Ponte Filipina, Ponte do Lido ou Ponte Velha, velhinha de 368 anos, de valor histórico e simbólico porque une a Amadora a Queluz! Urge dignificar e proteger este monumento, que no verdadeiro sentido da expressão, já tanto aguentou…


Texto publicado no Boletim da Junta de Freguesia da Venteira, 1999

Portal com tríptico


2006
Venda Nova

Antigo portão de quinta, com um tríptico em azulejo, representando o milagre de N. S. da Nazaré e dois santos ligados à protecção contra as intempéries.
Uma memória da antiga Amadora rural

O "Palácio"


2006

Edifício da 2ª metade do século XVIII, ficava no fim do troço comum das estradas reais de Lisboa-Sintra e Lisboa-Mafra (de Palhavã, seguiriam por Benfica até ao Alto da Porcalhota, onde se separavam, a de Sintra seguia por Queluz, a de Mafra por Belas) e segundo a tradição oral, aqui funcionaria uma estação de muda. Mais tarde aqui funcionou uma escola primária (inaugurada em 1913) e um posto da GNR. Hoje, uma parte é ocupada por um colégio.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Palácio dos Condes da Lousã


2004

Damaia


Neste "palácio", na realidade casa de quinta, construído no século XVIII e com reconstruções do século XIX, viveu algum tempo o famoso inventor português, Padre Himalaia.


Manuel António Gomes, nascido em 1868, em Santiago de Cendufe no concelho de Arcos de Valdevez era um rapaz humilde, filho de agricultores portugueses que como era típico na altura enveredou pelo sarcedócio, estudando no Seminário de Braga. Concluiu o curso de Teologia em 1890, mas os seus interesses não se ficaram apenas pela Filosofia das religiões, tendo durante vários anos leccionado as disciplinas de Ciências Naturais, Física e Química em Vila Nova de Gaia inicialmente como professor particular da família Van Zeller e posteriormente em vários colégios do centro e norte do nosso país. Consta-se que estas disciplinas eram de facto aquelas que o atraíam e a sua grande paixão. Resta terminar este primeiro parágrafo com uma referência à estatura desta personagem: alta, tão alta como os Himalaias, daí o seu nome histórico e para os amigos: Padre Himalaia!
Actividades científicas
O Padre Himalaia sentiu necessidade, como cientista de aprofundar os seus conhecimentos, decidindo ir para Paris. Deve-se dizer a título de introdução que já nessa altura lhe passavam pela mente muitas teorias e possibilidades de aplicações científicas relacionadas com a energia solar, que necessitava de amadurecimento. A sua estadia em Paris, onde estudou as lições do físico Berthelot e de outros conferiu-lhe tempo também para a preparação e construção de um sistema para obter temperaturas elevadas através da aplicação da energia solar. Essa sua ideia deu-lhe uma patente concedida pelo Governo Francês, em 1889, a que se seguiu um segundo protótipo, sendo o teste deste feito no topo dos Pirenéus orientais, atingindo a temperatura de 1100 ºC! Temperatura que actualmente surpreende muita gente e que na altura deve ter maravilhado quem assistiu à experiência.Como se não chegasse, em 1902 e já em Lisboa atingiu os 2000 ºC e fundiu um enorme bloco de basalto. Este senhor nortenho não se deixou ficar pelo que já era soberbo e atirou-se ao maravilhoso: ir à Feira Internacional de St. Louis de 1904 e atingir 3500 ºC, sendo assim capaz de fundir qualquer metal ou rocha!


O Pireilióforo
O sistema utilizado que deve intrigar qualquer um chamou-lhe o Padre Himalaia de pirelióforo (“eu trago o fogo do Sol”) e era constituído por um enorme espelho parabólico, com uma superfície de 80 m2, mas formado por 6177 pequenos espelhos de modo a formar a dita parábola e assim concentrar a energia solar incidente numa superfície – cápsula refractária - e aí atingir a temperatura proposta. Toda esta estrutura estava assente numa armação de aço de 13 m de altura. Tudo isto tinha ainda de rodar de modo a seguir o Sol e para isso o Padre Himalaia concebeu um sistema de relojoaria de modo a poder rodar o enorme espelho.
Deve-se dizer que para a construção de tal estrutura muito contribuíram particulares, estrangeiros, mas o governo português apenas lhe deu “apoio moral”, tão típico dos nossos governantes.
Esta novidade científica constituiu a grande atracção da Exposição Internacional de St. Louis e ao mesmo tempo o invento mais importante. Não foi assim de forma inesperada que a medalha do “Grand Prix” lhe foi atribuída pelo seu invento, mas também outras 2 medalhas de ouro e 1 de prata. O que se seguiu mostrou o carácter e a dignidade do homem que aqui queremos homenagear: o Padre Himalaia foi convidado pelo presidente Norte Americano a naturalizar-se norte americano, porque o seu invento assumia tal importância a nível industrial e militar que os EUA não queriam perder a oportunidade de assumir o controlo de tal tecnologia. O Padre Himalaia rejeitou este convite, porque era português de coração (apesar de o nosso governo apenas lhe ter criado entraves ao desenvolvimento das suas investigações) e além disso não pretendia que as suas invenções fossem usadas com fins bélicos, mas sim para o desenvolvimento da indústria e acima de tudo ser útil ao seu país.
Homem insaciável
Este excepcional personagem português não se ficou pelo pirelióforo e ainda inventou um poderoso explosivo, três vezes mais potente que a dinamite, com base em clorato de potássio, que patenteou e chegou mesmo a ser produzido numa fábrica para esse mesmo efeito e ao qual deu o nome de himalaíte. E outros inventos se seguiram, bem como trabalhos sobre Cosmologia (contando mesmo com a edição de um livro sobre este tema, escrito aquando da sua estadia na Argentina a partir de 1927) e explicações de fenómenos da natureza.
Energias Renováveis
Este português ilustre, mas desconhecido, que sofreu na pele todas as injustiças por parte de quem não percebe, nem quer perceber qual a mais valia de tais actividades para o país, entendeu no início do século passado o que estava intrinsecamente ligado ao nosso excelente clima: o Sol e a fonte de energia inesgotável que ele transmite para a Terra. O uso dos recursos naturais de uma forma inteligente e equilibrada para se atingir melhorias nas condições de vida das populações está subjacente a conceitos como “desenvolvimento sustentável” e o uso das energias alternativas para se produzir energia já estava certamente na mente do Padre Himalaia. A sua invenção é mais do que um exemplo, é uma confirmação do que pode ser atingido com a “mera” energia solar, recurso endógeno em todo o mundo, e que espanta certamente muita gente nos dias de hoje. Hoje estamos a braços com uma crise energética e a necessidade de mudança em termos de fontes de energia, mas temos de assistir impávidos e serenos à ausência de uma política a nível nacional para desenvolver o uso das energias renováveis, diminuindo o fardo dos combustíveis fósseis na economia nacional e ao mesmo tempo potenciando o uso dos recursos endógenos, criando mais valia tecnológica e postos de trabalho, fixando populações, atingindo assim um desenvolvimento descentralizado e sustentável.


in http://www.energiasrenovaveis.com/html/canais/destaques/destaques1204.asp

A Cabra


2008

Urbanização da Casa do Lago

sábado, 18 de abril de 2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Chegaram tão vivos os mortos...


2006

Centro de Trabalho do PCP - Amadora

Venteira


Aos Mortos-Vivos do Tarrafal



Ao cabo de Cabo Verde

dobrado o cabo da guerra

quando o mar sabia a sede

e o sangue cheirava a terra


acabou por ser mais forte

a esperança perseguida

porque aconteceu a morte

sem que se acabasse a vida.


Ao cabo de Cabo Verde

no campo do Tarrafal

é que o futuro se ergue

verde-rubro Portugal


é que o passado se perde

na tumba colonial.

Ao cabo de Cabo Verde

não morreu o ideal.


Entre o chicote e a malária

entre a fome e as bilioses

os mártires da classe operária

recuperam suas vozes.


E vêm dizer aqui

do cabo de Cabo Verde

que não morreram ali

porque a esperança não se perde.


Bento Gonçalves torneiro

ainda trabalhas o ferro

deste povo verdadeiro

sem a ferrugem do erro.


Caldeira de nome Alfredo

fervilham no teu caixão

contra o ódio e contra o medo

gérmens de trigo e de pão.


E tu também Araújo

e tu também Castelhano

e também cada marujo

que morreu a todo o pano.


Todos vivos! Todos nossos!

vinte trinta cem ou mil

nenhum de vós é só ossos

sois todos cravos de Abril!


No campo do Tarrafal

no sítio da frigideira

hasteava Portugal

a sua maior bandeira.


Bandeira feita em segredo

com as agulhas das dores

pois o tempo do degredo

mudava o sentido às cores:


o verde de Cabo Verde

o chão da reforma agrária

e o Sol vermelho esta sede

duma água proletária.


Do cabo de Cabo Verdec

hegam tão vivos os mortos

que um monumento se ergue

para cama dos seus corpos.


Pois se o sono é como o vento

que motiva um golpe de asa

é a vida o monumento

dos que voltaram a casa.


Ary dos Santos


Na inauguração de uma exposição sobre os 70 anos que passam sobre o Tarrafal, o campo da morte lenta, o campo em que o médico dizia que estava ali, não para curar mas para passar certidões de óbito...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Universo Paralelo #6


2008

Venteira

Parque Central

2005

80/59


2007

Jardim do Bacalhau


Monumento ao aguarelista e gravador Alfredo Roque Gameiro.
Este Jardim é conhecido por Jardim do Bacalhau, visto a sua forma ser a de uma posta (do rabo) do fiel amigo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Bordalo, o seu tempo e a sua arte


2005

Casa Roque Gameiro


No 1º centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro


1846 é, em Portugal, um ano de crise económica, o ano da Maria da Fonte anti-cabralista, o início do ministério de Palmela e da Patuleia. É um ano que simboliza bem o século XIX português. Um século de mudança e contradição. Aliás, mudança e contradição são elementos fundamentais para se perceber este século em todo o lado (em especial na Europa), não só em Portugal. Ao longo do século as transformações económicas, ligadas à Revolução Industrial efervescente vão provocando tragédias sociais, bem evidenciadas pelas lutas operárias, pelo aparecimento de utopias sociais e ideologias socialistas que lutam contra modelos de estados nascidos das revoluções liberais. E a arte bem acompanhou estes fenómenos económico-sociais e políticos. Um romantismo nacionalista, historicista, nascendo das ideias setecentistas de um Herder ou, especialmente, de um Rousseau (entre outros), tornava-se um bastião da burguesia triunfante, enquanto um realismo bem politizado, cada vez mais se assumia como paladino estético dos socialismos.Mas em Portugal, mudança e contradição são termos que adquirem facetas especiais. Portugal pagava o preço de séculos de uma política económica que sempre fragilizou a sua burguesia e fortaleceu a nobreza, anatematizando quem tentou modificar essa situação, caso do Conde da Ericeira ou o Marquês de Pombal. Ao contrário de outros países em que a nobreza imita a burguesia, no século XIX português é a burguesia que quer ser nobreza, não só nos títulos como na função. E é vermos românticos como Garrett, a por em causa o progresso e realistas assumidos como Eça a enredarem-se (de forma sublime, aliás) em ambientes e temas românticos… É essa uma das contradições do século XIX português. Como dirá Oliveira Martins, Portugal será uma granja e um banco, falta a oficina. Faltam as condições vivenciais e a massa proletária para que seja um tempo mais congruente!
1846, a 21 de Março nasce Rafael Bordalo Pinheiro, português, num tempo português de mudança e contradição. Mas um dos portugueses que melhor percebeu e aproveitou o seu tempo. Rafael nasceu no seio de uma família de artistas. O seu pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro iniciou-o na pintura, tal como a Columbano, o seu irmão que se virá a afirmar como um dos seus maiores cultores em Portugal. Contudo, o génio e o espírito de Rafael não se atinham a uma única forma de expressão. E procurou outras, primeiro o teatro, depois o desenho, a caricatura, a aguarela, a ilustração, a decoração, a cerâmica! Uma extraordinária fecundidade criativa, uma capacidade de trabalho impar em áreas diversificadas, conferem a Rafael Bordalo Pinheiro o mérito de ser considerado um dos maiores artistas da sua geração. E é na caricatura, primeiro e na cerâmica que Bordalo encontra a sua capacidade expressiva de eleição.No que diz respeito à caricatura, começou em 1869 com o álbum humorístico O Calcanhar de Aquiles. Depois vêm os jornais, A Berlinda, a Lanterna Mágica onde nasceu o Zé Povinho, personagem signíca da sua obra, o Binóculo, o Mappa de Portugal, o António Maria, Os Pontos nos ii e, por último A Paródia onde irá desenhar até morrer. Isto sem contar com os jornais em que colaborou ou fundou nos quase 4 anos que esteve no Brasil. Nestas páginas perpassam os anseios e muitas das ideias políticas da geração de 70, através do riso e da ironia. É toda a vida política e económica do país, deveras triste e anquilosada que é surrada até à medula. A espaços muito próximo do realismo francês, Bordalo dá vida a imagens de valor imortal, como sejam a “porca da política”, o “papagaio” da retórica parlamentar, a “galinha choca” da economia ou o “grande cão” da finança, Afinal figuras ainda hoje vivas e bem vivas,As experiências com cerâmica datam de 1882, colaborando com a sua irmã Maria Augusta. Mas em 1883 outro dos seus irmãos, Feliciano Bordalo Pinheiro e Felisberto José da Costa lançam o projecto de uma Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. Os estatutos aprovados a 30 de Junho de 1884, implicam Rafael como director artístico. Em Setembro desse ano, inicia a nova fábrica a sua secção dedicada a materiais de construção e em Junho de 1885 a secção de faianças artísticas. Apesar da vida conturbada da fábrica, esta vai ser um alfobre de criatividade extrema. Essa produção vai ser marcada por três fases. Uma primeira, profundamente naturalista, até 1889, uma segunda em que envereda por caminhos mais internacionalizantes, no fundo românticos, abraçando o historicismo, com peças que vão de um classicismo renascimental, passando pelo neo-manuelino até a um rocaille tardio. Dedica-se também à Arte Nova e aos exotismos orientalizantes. A terceira fase, para além de uma continuidade da anterior e depois de uma fase de peças nacionalistas ligadas ao ultimatum de 1890, avança para uma produção mais folclórica e mais ligada à sua obra de caricaturista. É esta a faceta que o vai ocupar até à sua morte em 1905.
E é na cerâmica que vamos encontrar uma ligação deste artista à Amadora. Um dos primeiros accionistas da fábrica de Bordalo será Justino Guedes, para o qual Rafael fará em 1890 o projecto de decoração de um pavilhão de vendas da sua litografia. Era Justino Guedes irmão de Alfredo Roque Gameiro, que com ele trabalhava. Não é de espantar que Roque Gameiro encomende na fábrica das Caldas vários elementos cerâmicos para a casa que estava a construir na Venteira, em 1898. Assim, para além de telhas, preserva-se hoje nessa casa várias peças decorativas de Bordalo, em especial a esfera armilar na cumeeira da casa e, sobretudo, os azulejos da sala de jantar, com o espantoso padrão de nabos e remate de espigas, este inspirado em azulejos do Palácio Nacional de Sintra.
Rafael Bordalo Pinheiro morre a 23 de Janeiro de 1905. No número 107 da Paródia, a morte do seu fundador é anunciada, com direito a separata. E, curiosamente, é um desenho de Roque Gameiro que celebra a vida do mestre, representando Bordalo a modelar uma jarra. Concerteza um desenho que terá agradado ao Zé Povinho e à Maria Paciência, agora órfãos!


Publicado no Notícias da Amadora de 19 de Maio de 2005

Erros meus, má fortuna, amor ardente #9


2005

Realidades Transversais
Venteira, Rua Elias Garcia

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Anos 50


2006

Venteira, Rua Mestre Roque Gameiro

Na Leitaria Central, já não há tempo para sorrir


2005

Venda Nova e Damaia

Porcalhota de Baixo


1981

Esta foto só é válida pela sua irrepetibilidade. Este renque de casas tipicamente saloias já não existe.


Apesar de muita gente pensar que o nome antigo da Amadora ser Porcalhota, na realidade essa era uma das três aldeias, que ao juntarem-se urbanisticamente, por força do caminho de ferro, deu aquilo que é hoje a Amadora. Para além da Porcalhota, foi a Falagueira e a Venteira.A Porcalhota estava dividida em Porcalhota de Cima (aquilo que hoje é conhecido por Falagueira) e de Baixo (junto à Quinta do Bosque, hoje bairro com o mesmo nome). Dizem os cronistas que a ela se referiram que era uma das aldeias mais bonitas dos arredores de Lisboa, não fazendo jus ao seu nome. A ela se refere Eça de Queiroz nos Maias e no Mistério da Estrada de Sintra (que escreveu com Ramalho Ortigão), e era célebre pelo Coelho à Pedro dos Coelhos, uma tasca perto destas casas. Precisamente aqui, onde esta foto foi feita, passava a Estrada Real de Sintra e Mafra, que se dividia um pouco mais à frente, já perto do actual centro da Amadora. Da antiga Porcalhota já pouco existe, a não ser a chamada Capela da Falagueira, nome que substitui o da Porcalhota (a Falagueira situava-se mais acima, a caminho da Serra da Mira).

cores da cidade #1


2004/2005, Venteira

Alfredo Roque Gameiro


2009, Alfredo Roque Gameiro (Busto - Jardim da Venteira, mais conhecido por Jardim do Bacalhau)


Nascido em Minde, vem em 1898 morar para a Amadora. Foi um especialista em gravura, mais propriamente em litografia e um dos melhores aguarelistas portugueses. Para além da sua actividade na Companhia Nacional Editora (da qual foi Director Artístico), propriedade de seu irmão, foi também professor, no Colégio Alexandre Herculano, na Escola Industrial do Príncipe Real e, ainda, como primeiro director da futura Escola António Arroio.Morreu em Lisboa, em 1935. Tinha saído da Amadora, uns anos antes, porque lhe tiraram a vista que teria tido de sua casa, mandada construír em 1898 e ampliada por Raul Lino em 1900.
Felizmente esta casa ainda existe e está um pouco mais bem tratada que este busto...

Urbanofobia #3


Venda Nova, Estrada dos Salgados, 2005

Venda Nova


Uma Amadora que a pouco e pouco deixa de existir. Apesar de algumas mudanças, estas casas ainda lá estão. Até quando?
1981

Urbanofobia #1


2005
Bairro do Bosque

Casa da Ordem do Hospital


Falagueira


Talvez a casa mais antiga da Amadora. Provavelmente do século XVI ou XVII, a sua História está ligada a uma antiga quinta pertencente à Ordem do Hospital, objecto do documento escrito mais antigo que se conhece sobre a Amadora, do século XIII.

Um olhar pela minha cidade.

Com cerca de 24km2, a Amadora é um dos concelhos mais pequenos do país, sendo toda a sua área, considerada urbana. Como cidade é um fenómeno recente, de 25 anos. Anteriormente, a Freguesia da Amadora, pertencente ao concelho de Oeiras (em épocas mais recuadas a região fez parte dos concelhos de Lisboa, de Belém e de Sintra), era a maior (em termos populacionais) Freguesia da Europa. Hoje, no panorama das cidades portuguesas, a Amadora pertence ao grupo das terceiras em número de habitantes (logo a seguir a Lisboa e ao Porto). Dispõe, actualmente, de dois parques industriais, um, o da Venda Nova, constitui-se a partir da década de 40 (com empresas como, a Sorefame, a Bertrand ou os Laboratórios Vitória), o outro, de formação mais recente, sobretudo a partir dos anos 80, é na Venteira (com empresas como a Siemens, a Canon, etc.). Tem um comércio bastante diversificado, tanto o tradicional como ao nível das grandes superfícies. Começa a estar razoavelmente bem estruturada ao nível dos serviços, salientando-se uma rede escolar bastante vasta, embora ainda carente, em especial no pré-escolar e superior. Apesar de tudo isto, a Amadora é uma cidade condicionada pela proximidade de Lisboa, sendo a sua história considerada transversal em relação à história da Capital. Chega-se a referir a Amadora como a “cidade sem história”. Contudo a Amadora (como, aliás, qualquer outra localidade) tem uma história rica, estruturante do seu próprio presente.Durante a Pré-história, a região da Amadora foi bastante habitada, mais intensamente em alguns períodos, como no Paleolítico Médio, Calcolítico e Idade do Bronze, embora existam materiais de praticamente todas as épocas, com excepção do Mesolítico e Neolítico Inicial. Com a Idade do Ferro iniciam-se contactos com o Mediterrâneo, o que é atestado por materiais púnicos e de Roma Republicana. Não é de estranhar que a ocupação romana tenha sido uma realidade. Nascerá nessa época a sua ligação a Olisipo/Lisboa, tornando-se esta região num alfobre agrícola, para a urbe da foz do Tejo.Da época islâmica e medieval, na realidade pouco sabemos, mas isso não é de espantar, tendo em conta uma economia de subsistência ou de pequeno comércio, poucos são os documentos escritos existentes, embora valha a verdade que ainda muito trabalho de heurística falte fazer. Mas aqui a toponímia pode-nos ajudar – Alfragide, Alfornel, por exemplo, ou Casal do Castelo, Alto da Cabreira, Moinho do Castelinho, são topónimos que nos remetem para esses horizontes. Zona saloia por excelência, podemos imaginar courelas bem tratadas, hortas com seus poços e cegonhas, searas de trigo doirado, ou centeio ou cevada…Já no Antigo Regime aparecem as primeiras indicações de uma forte centralidade, marcada eventualmente pela posição estratégica ao nível das comunicações na Península de Lisboa, implicando sobretudo três povoações. A mais conhecida, na época, era a Porcalhota, aldeia tipicamente saloia, referida por Eça de Queiroz, n’Os Maias, devido ao famoso coelho guisado de Pedro Franco – o “Pedro dos Coelhos”. Outra das razões desta fama é que aqui se separavam as Estradas Reais de Lisboa-Sintra e de Lisboa-Mafra. A norte da Porcalhota, situava-se uma mais pequena aldeia, a Falagueira (ou Falagueiras), que é objecto do documento escrito mais antigo, que se conhece, sobre a Amadora – aqui haveria, no século XIII, uma granja da Ordem Militar do Hospital. Finalmente, para Oeste destas duas aldeias, no alto de um monte, estava o lugar da Venteira, já próximo do Palácio de Queluz.Já com o Liberalismo e como resultado da política da Regeneração, em 1887, um acontecimento revelou-se marcante para toda a história recente da Amadora – inaugurou-se a linha de Caminho de Ferro de Sintra, com uma estação equidistante das três referidas povoações. A estação recebe, nessa altura, o nome da povoação mais populosa – a Porcalhota. Em 1895, instala-se na vizinhança da estação uma fábrica de espartilhos a Vapor, fundada por um comerciante lisboeta, que, entretanto vem viver para a Amadora – José dos Santos Mattos. Era o início de uma relação privilegiada, entre a mão-de-obra da região e a facilidade de transporte através do caminho-de-ferro, de matérias-primas e produtos transformados.Outro fenómeno está, nesta altura, a acontecer em Portugal, que irá contribuir para a transformação desta região. Está a haver uma mudança de mentalidade na burguesia portuguesa, mudança essa já ocorrida noutros países há muito tempo. O objectivo dos burgueses (de alguns, pelo menos) deixou de ser a aproximação à nobreza (ordem social, por natureza, de ostentação de riqueza), para se afirmarem como uma classe de reprodução de riqueza (dentro do quadro do Capitalismo Industrial e Financeiro, exposto a partir da Revolução Industrial, iniciada em finais do século XVIII, em Inglaterra). Essa viragem de uma parte da nossa burguesia implicou, mesmo, uma recusa dos locais de veraneio tradicionais do “jet-set” oitocentista. Os finais do século XIX são assim marcados, na Amadora, pela construção de várias casas de campo de uma burguesia jovem, sobretudo, bastante intelectualizada. Muitos deles acabarão mesmo por aqui constituir residência, em inícios do século XX, contribuindo para o desenvolvimento da zona. Em 1907, numa fase em que as três povoações cada vez estavam mais próximas, a Amadora, nome de uma quinta local, passa a designar toda a região, pondo-se de lado o velho topónimo da Porcalhota, considerado, pelos habitantes, pouco digno.Os anos que se seguem são de grande desenvolvimento para a Amadora. A fundação da “Liga de Melhoramentos”, os “Recreios Artísticos”, as `”Festas da Árvore”, a criação da Freguesia da Amadora, a instalação do “Grupo de Esquadrilhas de Aviação Republica” e construção do respectivo aeródromo, a inauguração do Parque “Delfim Guimarães”, são marcos de uma evolução urbana de grande qualidade, com equipamentos muitas vezes inovadores, relativamente ao resto do país.Esta evolução mantém-se até cerca da década de 40. É precisamente nessa fase que é criado o primeiro parque industrial. A partir daqui há uma viragem sociológica e económica (e mesmo psicológica) na Amadora. O êxodo rural que se iniciava e a necessidade de mão-de-obra para as indústrias recentes, tanto amadorenses como lisboetas, implicam um forte crescimento e, logicamente, uma pressão urbanística, que provocará uma mudança da imagem urbana.A partir dos anos 50, começa a construção da imagem da actual Amadora. Intensifica-se um forte êxodo rural e a Amadora transforma-se, pouco a pouco, num dormitório, com uma população flutuante que não permitirá a manutenção de um sentido de vila. É a época em que se inicia a construção da Damaia e em que aparecem as primeiras casas clandestinas na Brandoa. Os anos 60 e 70 acentuam esta situação, cada vez haverá uma maior desclassificação aparecem os primeiros bairros degradados, é a Amadora suburbana. Sem qualquer urbanidade, longe já iam os tempos da Amadora rural e burguesa do início do século XX, em que habitar na Amadora era um prazer. A Amadora é cidade desde 1979, por pressão populacional. Desde essa altura cresceu ainda mais, mas, paulatinamente, recriou vida interna, recriou espaços de lazer e de trabalho. O terciário, sobretudo, cresceu a um ritmo bastante elevado. A pouco e pouco a Amadora foi-se requalificando, pese embora muito ainda falte fazer. Entretanto, passa a ser parte integrante de uma conurbação (junta-se fisicamente às cidades de Lisboa e Queluz), constituindo-se num dos pontos fulcrais da comunicação entre várias frentes urbanas.
Venteira, 31 de Outubro de 2004